14 de agosto de 2013

Boatos da Taverna - FINAL

Ao não conseguir adentrar na arena apressei-me no caminho das arquibancadas (meros poleiros de onde as pessoas se trepavam para assistir a carnificina que estava para começar) na tentativa de ver o nobre esporte da sobrevivência. Nobres gladiadores enfrentando-se uns aos outros para conseguir como premio a chance de morrer nas garras de uma temível besta, ou viver uma vida de glórias.

Os corredores sinuosos logo me levaram as arquibancadas (apinhadas da mais baixa escória da sociedade, plebe para tudo que era lado, bebendo, gritando, fazendo algazarra, sendo a plebe) rapidamente procurei um local seguro e com boa visibilidade, em minutos achei um local de boa visibilidade onde dava para ver a arena quase toda. Ao longe um dos portões se abriu e dele saíram um grupo de aventureiros, mais havia algo de errado com um deles, ele parecia ter inúmeras feridas ainda abertas sobre a pele. No estante seguinte estava a tentar desferir um golpe de espada em sima do homem misterioso do qual eu ouvira tanto falar, arregalei os olhos para tentar ver o máximo de detalhes, mas só o que vi foi uma poça de sangue se formar no local onde o confronto havia ocorrido... mas a poça parecia mais ser feita de pequenos cristais do que sangue, foi então que entendi o herói misterioso não foi acertado. Quem foi acertado foi o atacante, e não eram feridas sobre a pele mas sim crostas de matéria vermelha.

E o confronto foi seguindo, a cada golpe tentado o publico urrava de energia, cada gota de sangue eram urros e pulos de alegria, aplausos e vaias eles só queriam ver os dois se matarem... foi quando o herói misterioso em um golpe cravou fundo sua arma no ombro do meio-aberrante gerando um grito de dor ouvido em toda Tapista. Era o silencio. A arena toda aguardava que o meio aberrante em fim tombasse ao chão, mas nada ocorria... nisso em um movimento rápido o silencio é quebrado por um corte de espada, pelo som do aço temperado cortando o ar e em seguida a carne até topar com um eventual osso, seguido do gotejamento do sangue que caia pela empunhadura da espada.

Foi então que o meio-aberrante tombou, levando o povo a loucura, o barulho era enorme impedindo de se ouvir os próprios pensamentos. Quando de repente uma multidão que esta nas primeiras fileiras começou a correr procurando uma saída, buscavam  a todo custo escapar do que se tornara uma ratoeira, e nos espectadores eramos os ratos. Com a morte do meio-aberrante as partes de matéria vermelha que brotavam da sua carne entraram em colapso, reagindo uma a outra, gerando o que sem sombra de duvidas era o maior medo dos artonianos: A Tempestade Rubra emergia das entranhas do meio-aberrante, e com elas pequenos parasitas-aberrantes surgiam e perseguiam os espectadores das primeiras fileiras, gerando todo o panico e caos que ali estava...

A tempestade foi mais rápida que todos, saídas boqueadas por matéria vermelha, os que não morreram, enlouqueceram com tamanha visão (que de fato era bem pior que ver o próprio inferno), eu mesmo encontro-me perto do meu fim, todo coberto por essa matéria vermelha a drenar minha sanidade e minha vida. Deixo este registro na esperança de um dia usarem-no para reverter esta injusta maldição que nos foi pega de surpresa, e para saberem como esta catástrofe começou. Continuem a tentar meus irmãos...

[...]

Então em algum lugar do panteão Valkaria chorou, não apenas por mais um filho seu ter perdido a vida, mais também pelo erro cometido no passado. Erro pelo qual ela pagou com a liberdade, liberdade que foi devolvida pelos seus filhos após inúmeras tentativas falhas, mas conseguiram e isso era o que importava para ela: seus filhos terem a capacidade de superarem todos os obstáculos que lhes forem impostos, pois assim foram criados.

Contudo, em algum lugar de sua mente uma certeza começava a atordoar-lhe: se começara com os três, com os três havia de terminar!