Num canto afastado, onde outrora fora a mais brilhante torre de Lorien, encontrava-se um grupo de elfos guerreiros sentados envolta de uma fogueira, suas armaduras estavam sujas e cheias de sangue, suas espadas brilhavam no chao e lagrimas caiam de seus olhos. Eram seis, e nenhum tinha nome, em suas armaduras brilhava a insignia do sol nascente, o simbolo da guarda real do rei. Eram bem parecidos, como na verdade todos os elfos sao. Eram altos, de ombros largos e fortes, tinha o rosto austero e distante, os olhos vazios e azuis, e cabelo branco, na verdade nao todos, um deles tinha o cabelo negro e olhos da mesma cor, era um pouco mais baixo, mas mais forte, era tambem o que mais chorava. Nao falavam, nem se mexiam, deixavam apenas a noite seguir enquanto as lagrimas rolavam. Todos eles haviam vivido toda sua vida em Lenorien, ali cresceram, amaram e serviram seu rei, ali viram a vida florescer, mas tudo que viam agora era a morte, a morte de seus proprios companheiros, nao conseguiam esquecer como seus rostos se contorciam enquanto eles caiam sob a chuva de machados, nao conseguiam lembrar de mais nada a nao ser guerra e morte, e era so aquilo que sobrará ali, guerra e morte.
Quando o sol raiou, eles levantaram e foram em direção ao sul da muralha. No caminho, por todos os lado tudo que se via era destruiçao, a pura e suja destruiçao goblinoide que fora causada por Thwor ironfist, o grande general da aliança negra. Todos ali, sem exceçao, torciam o nariz ao ver aquelas cenas de destruiçao e furia descontrolada -por isso é impossivel ter uma convivencia com esses animais- falou o de cabelos negros, apesar de nenhum dos outros responder qualquer coisa, a confirmaçao era visivel em seus olhos. A medida que o dia ia passando eles chegaram ao portao sul, o portao por onde Thwor irrompera com seu exercito e agora estava acampado o grande exercito goblinoide, uma bandeira negra balançava ao vento, a aliança negra.
À visao daquela bandeira seus corpos gelaram e instintivamente tomaram posiçao de batalha, sacaram suas espadas brilhantes e prepararam-se...uma respiraçao...duas respiraçoes...tres respiraçoes...olharam-se nos olhos e com um sorriso negro avançaram...sem nenhum aviso. As espadas dançavam num elegante conjunto de movimentos, sempre perfurando, cortando e partindo, tecendo uma teia de sangue vermelho. Pegos de surpresa, os primeiros goblinoides nao tiveram chance alguma contra as espadas dos elfos e cairam um por um, sempre da mesma forma, perfura, corta, quebra, parti. Quando seus inimigos finalmente se organizaram a batalha ficou mais dificil, seu numero e força era um obstaculo, no entanto muitos cairam sob as espadas dos elfos, ainda assim, eles proprios cairam, um por um. Um machado partiu o elmo de seu lider, uma maça afundou o peito de outro, e assim sobraram apenas quatro deles, cada um de costas para o outro, o sangue enchia suas armaduras, seu proprio sangue misturado com os que eles mataram, e caiam mais e mais frente suas laminas. Sem nenhum motivo aparente a Aliança negra recuou, os elfos entreolharam-se desconfiados, entao eles viram, e aquilo os fez gelar do pé a cabeça, o general, o lider, Thwor ironfist, em pessoa, estava lá, parado, com seu grande machado de guerra na mao, e a cabeça do rei na outra.
Ele avançou, austero, cruel, imponente. Era grande ate mesmo para sua raça, chegava quase a tres metros e meio de altura, de sua boca brotavam dois grotescos caninos amarelos e no pescoço usava uma caveira como colar, em uma das maos trazia seu machado de guerra, tao grande como ele mesmo, na outra a cabeça do rei elfo, em seu rosto havia uma horrivel expressao de dor, congelada pela morte. Atirou-a ao chao e a esmagou com apenas uma pisada, entao riu, uma risada grotesca, a risada de um animal, e atacou. No primeiro ataque afundou ate o osso seu machado no primeiro elfo, um giro, o segundo caiu tambem, acertado pelo cabo do machado na cabeça. Os outros dois lutaram bravamente, moviam-se e dançavam envolta dele como viboras,suas espadas cantavam, o ressoar de aço contra aço. Thwor era forte, porem eles eram rapidos e muito habeis. Lutaram e lutaram por horas a fio, Thwor ria a cada corte que levava e nao parecia cansar-se nem um pouco, entao, num momento de descuido, o alto-elfo escorregou na lama e o machado de Thwor caiu como um raio, partindo-lhe dos ombros a virilha. Sobrara, entao, apenas aquele elfo, o de cabelos negros, ele lutou, mais bravamente que qualquer um poderia naquelas condiçoes, lutou por horas, lutou ate Thwor perder o sorriso e foi alem, lutou ate seu inimigo estar esfolado e ainda assim foi alem, lutou ate sua espada nao ser nada alem de um cotoco. Entao caiu, caiu aos pés de Thwor, e esperou o ultimo golpe, mas esse nao veio...quando ele olhou para cima o que ele viu foi algo inesperado, um Thwor ironfist com um olhar perscrutante e que parecia estar se divertindo e de repente, com um chute, derrubou o elfo na lama e perguntou-lhe -O que faz voce, um verme, lutar com tanta bravura contra mim, Thwor ironfist, o grande general, mesmo sabendo que vai perder?- entao ele respondeu e sua voz era amarga - vim para voce terminar o que começou. Você ja me matou, vim aqui apenas para dar um fim a isso. Voce ja tirou minha vida, tirou tudo que eu amo, entao, vá, termine tudo, me mande para onde quer que eu vá. eu vim entregar o que voce ja me tirou. a vida.- Thwor sorriu entao, intrigado e entao gritou - que assim seja seu verme, morra! e tenha a honra de dizer a todos que voce lutou bravamente contra Thwor ironfist, o grande general, vá e diga que voce morreu pelas minhas maos, as mesmas que arracaram a cabeça do seu amado rei- entao seu machado desceu como um raio novamente, partindo suas costelas e seus orgaos internos, e o elfo sem nome morreu...tao bravamente quanto qualquer um poderia querer...e onde suas lagrimas respingaram no machado de Thwor, ate hoje, é possivel ver as estrelas daquele que foi o lindo ceu de lenorien, as ultimas estrelas que ele viu...